Mediante a teoria do discurso de Ernesto Laclau, o objetivo deste artigo é analisar o papel da promoção democrática na política externa dos Estados Unidos durante a administração George W. Bush (2001-2008). A hipótese a ser explorada é que a democracia liberal pode ser compreendida como um significante vazio, uma vez que, de acordo com documentos de política externa norte-americana do período, condensa em si mesma uma gama variada de sentidos: não é apenas o melhor e mais justo sistema político e econômico, mas também aquele que permite que países desempenhem funções estatais consideradas essenciais de maneira mais eficiente. Como consequência, essa construção de sentidos contribuiu para justificar e normalizar ações controversas de política externa, tais como as invasões do Afeganistão e Iraque.
Using Ernesto Laclau1s discourse theory, the purpose of this article is to analyze the role of the promotion of democracy in the U.S. foreign policy during George W. Bush’s administration (2001-2008). The hypothesis explored in the article is that the notion of liberal democracy, as presented in the documents of the Ameri- can foreign policy of the period, can be understood as an empty signifier, given that it condenses in itself a broad range of meanings: it is seen not only as the best and fairest political and economic system, but also as the one that, today, enables the countries to perform essential state tasks in a more efficient fashion. As a consequence, this construction of meaning has contributed to justify and naturalize controversial U.S. foreign policy actions, such as military interventions and regime changes in Afghanistan and Iraq.
Le but de cet article est d’analyser, par la théorie du discours de Laclau, le rôle de la promotion démocratique dans la politique étrangère des États-Unis au cours de l’administration de George W. Bush (2001-2008). L’hypothèse à être analysée suppose que la démocratie libérale peut être comprise comme un signifiant vide important, étant donné que, selon les documents de la politique étrangère américaine de l’époque, elle condense en soi un large éventail de significations : ce n’est pas seulement le meilleur et le plus équitable système politique et économique, mais également celui qui permet aux pays de promouvoir des fonctions d’État, considérées comme essentielles, de manière plus efficace. En conséquence, cette construction de sens a contribué à justifier et à normaliser les actions controversées de la politique étrangère, telles que les invasions de l’Afghanistan et de l’Irak.